Bastidores: dinheiro, computadores e celulares de cônjuges estão entre apreensões da PF em operação que afastou Wanderlei

Por Dermival Pereira em 05/09/2025 10:25 - Atualizado em 05/09/2025 20:52
POLÍTICA
Bastidores: dinheiro, computadores e celulares de cônjuges estão entre apreensões da PF em operação que afastou Wanderlei
Foto: Divulgação

A operação da Polícia Federal que afastou do cargo o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), trouxe à tona um amplo esquema de investigações que atinge algumas das principais figuras políticas do Estado. A ofensiva, deflagrada nesta semana, também mirou o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), o presidente da Assembleia Legislativa (Aleto), Amélio Cayres (Republicanos), além de deputados, ex-deputados e secretários de Estado.

Nos bastidores, a operação chamou atenção pela quantidade de bens apreendidos. Dinheiro em espécie, carros, computadores e celulares foram recolhidos em diferentes endereços, incluindo aparelhos de cônjuges dos investigados. O destaque foi a apreensão de R$ 700 mil em dinheiro vivo em uma das residências da secretária da Setas, Valderez Castelo Branco. Já na Junta Comercial do Tocantins (Jucetins), os agentes levaram o computador de trabalho e o celular do presidente do órgão, o ex-deputado Issam Saado, ex-Partido Verde e agora filiado ao Republicanos.

Outro alvo foi o deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos), ex-deputado estadual na época dos fatos investigados. As buscas contra ele ocorreram em seu apartamento funcional em Brasília. Segundo apuração da reportagem, todos os parlamentares e ex-parlamentares investigados tiveram seus celulares apreendidos.

A lista de políticos investigados inclui dez deputados estaduais da atual legislatura: Amélio Cayres, Nilton Franco, Cleiton Cardoso, Jorge Frederico, Léo Barbosa (filho do governador afastado), Olyntho Neto, Valdemar Júnior, Vilmar de Oliveira, Ivory de Lira e Claudia Lelis. Desse grupo, sete integram a base de apoio direta de Wanderlei Barbosa.

Afastamento do governador

O ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou o afastamento de Wanderlei Barbosa por 180 dias. A medida alcançou também a primeira-dama, Karine Sotero Campos, que exercia o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais. O vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu o cargo. 

De acordo com a investigação, os alvos são suspeitos de integrar um esquema que desviou recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. Foram firmados contratos que somam R$ 97 milhões para fornecimento de cestas e frangos congelados, mas o prejuízo estimado aos cofres públicos ultrapassa R$ 73 milhões.

A apuração aponta que parte dos valores teria sido ocultada em investimentos na construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos investigados.

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