Moradores levam ao menos 55 corpos para praça após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro

Por Dermival Pereira em 29/10/2025 09:13 - Atualizado em 29/10/2025 11:04
BRASIL/MUNDO
Moradores levam ao menos 55 corpos para praça após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro
Corpos são levados para praça na Penha — Foto: Betinho Casas Novas/g1

Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levaram pelo menos 55 corpos para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais vias da região, ao longo da madrugada desta quarta-feira (29). As informações são do site G1, portal de notícias da Globo. A mobilização ocorreu um dia após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou dezenas de mortos e causou forte comoção em todo o país.

De acordo com o governo do Rio de Janeiro, 60 criminosos foram mortos durante a megaoperação nas comunidades da Penha e do Alemão, realizada na terça-feira (28). Além disso, quatro policiais também morreram em confrontos. No entanto, segundo o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, os corpos levados pelos moradores até a praça não foram contabilizados no balanço oficial de mortes divulgado até o momento. Uma perícia será realizada para apurar se há relação entre esses corpos e a operação policial.

Conforme a publicação do G1, os corpos estavam em uma área de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde se concentraram os confrontos entre as forças de segurança e traficantes. Moradores afirmaram que ainda há mais corpos no alto do morro, aguardando remoção.

O ativista Raull Santiago, que ajudou na retirada dos corpos da região, relatou a gravidade da situação: “Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, eu nunca vi nada parecido com o que estou vendo hoje. É algo novo. Brutal e violento num nível desconhecido”, disse.

Ainda segundo o G1, os moradores decidiram levar os corpos até a praça para facilitar o reconhecimento por familiares. Posteriormente, a Polícia Civil informou que o atendimento às famílias será feito no prédio do Detran, ao lado do Instituto Médico-Legal (IML), a partir das 8h desta quarta-feira.

Durante esse período, o acesso ao IML será restrito à Polícia Civil e ao Ministério Público, que farão os exames periciais necessários. Já as demais necropsias, sem relação com a operação, serão realizadas no IML de Niterói.

A operação, que mobilizou forças estaduais e federais de segurança, é considerada a mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, e deve ser alvo de investigação das autoridades e de órgãos de direitos humanos diante da gravidade dos fatos e do alto número de mortos.

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