TCE suspende show de Bruno & Marrone em Axixá por suspeita de irregularidades em contrato de R$ 1,1 milhão

O Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE-TO) determinou a suspensão do show da dupla Bruno & Marrone, que seria realizado no dia 14 de março de 2026 durante um evento de motociclismo em Axixá do Tocantins. A decisão foi tomada após a Corte identificar possíveis irregularidades no contrato firmado pela gestão do prefeito Auri Wulange (União), no valor de R$ 1,1 milhão.

Segundo o TCE, o cachê previsto para Axixá supera valores pagos pela dupla em outras cidades e até mesmo pelo Governo do Estado. Em abril deste ano, Bruno & Marrone receberam R$ 900 mil para se apresentar na Agrotins, valor R$ 200 mil inferior ao contratado pelo município. A diferença repercutiu nas redes sociais e levantou questionamentos sobre a justificativa para o aumento.

A contratação milionária reacendeu o debate sobre prioridades na gestão pública, especialmente em cidades pequenas. Com pouco mais de 10 mil habitantes, Axixá enfrenta dificuldades típicas do Bico do Papagaio e de grande parte do Tocantins, como carências em saúde, educação e infraestrutura — contrastando com o investimento elevado em eventos.

Situação fiscal do município pesou na decisão

A Corte também considerou o cenário financeiro de Axixá. De acordo com o Relatório Resumido da Execução Orçamentária, o município possui:

R$ 1,39 milhão em restos a pagar processados;

62,47% da Receita Corrente Líquida comprometida com gastos de pessoal;

Baixa cobertura vacinal;

Fragilidades na atenção básica de saúde;

Alta taxa de mortalidade infantil;

Débitos superiores a R$ 9,8 milhões em contribuições previdenciárias e consignações não repassadas.

Diante desse quadro, o Tribunal classificou o gasto de R$ 1,1 milhão como “desproporcional e arriscado para o interesse público”.

Espaço aberto

Nossa reportagem não conseguiu contato com a Prefeitura do município para que a gestão do prefeito Auri Wulange (União) apresentasse sua versão sobre a suspensão do contrato. O espaço, porém, segue aberto a manifestações, caso queiram.