Recurso alvo da PF teria sido usado para construir pousada de luxo em nome do filho do governador

Dados da investigação da Polícia Federal (PF), à qual o Site G1 teve acesso, apontam que parte dos recursos desviados em um esquema de fraude no Tocantins durante a pandemia de Covid-19 teria sido usada para a construção de uma pousada de luxo registrada em nome do filho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos).
De acordo com os investigadores, a Pousada Pedra Canga, localizada na Serra de Taquaruçu, recebeu cerca de R$ 2,4 milhões em repasses suspeitos ao longo de dois anos.
O empreendimento está registrado em nome de Rérison Antônio Castro Leite, filho do governador, que foi afastado do cargo nesta quarta-feira, 3, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito da operação da PF.
Entre as provas indicadas pela PF, publicadas pelo G1, está uma conversa interceptada entre Rérison e Marcos Martins Camilo, então chefe de gabinete do governador.
Em determinado momento, o filho do governador diz que "até a última vez que eu falei com ele, ele não queria que botasse nada no nome dele não". Para a PF, o termo "ele" se refere a Wanderlei Barbosa, que teria utilizado o filho para ocultar patrimônio.
As apurações, que tramitam sob sigilo no STJ, indicam fortes indícios de um esquema de desvio de recursos públicos entre 2020 e 2021, período em que os investigados teriam aproveitado o estado de emergência em saúde pública para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas.
A operação mobilizou mais de 200 policiais federais, responsáveis pelo cumprimento de 51 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares, com o objetivo de reunir provas sobre o suposto uso irregular de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos.
Segundo a PF, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados, com um prejuízo estimado em R$ 73 milhões aos cofres públicos. Os valores desviados teriam sido ocultados por meio de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
Governador nega acusações
Em nota encaminhada a imprensa o governador negou as acusações. E disse que "recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa, disse na nota.
'Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes', afirmou o governador.
Eu outro trecho Barbosa diz que 'além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.'