Saúde pública: Mulher diagnosticada com câncer no intestino e fígado morre após esperar quase um mês por consulta no HGP

Por Redação em 25/04/2025 09:46 - Atualizado em 27/04/2025 14:38
ESTADO/TOCANTINS
Saúde pública: Mulher diagnosticada com câncer no intestino e fígado morre após esperar quase um mês por consulta no HGP
Foto: Divulgação

Morreu na tarde dessa quinta-feira, 24, no Hospital Geral de Palmas (HGP), a paciente Rosilene Pires Ribeiro, de 49 anos. Ela foi diagnosticada no mês passado com um câncer no intestino que já havia se estendido para o fígado e desde o resultado do exame buscava uma consulta de urgência na unidade estadual.

Conforme informações repassadas pela família o exame foi feito em uma clínica particular e logo após o resultado a paciente buscou uma unidade de saúde do município que a regulou no sistema, mas apesar da gravidade, a consulta só foi agendada para o dia 29 deste mês.


Paciente Rosilene Pires Ribeiro durante espera por regulação para o HGP, na UPA Sul de Palmas na última quarta-feira - Foto: Divulgação
 
A família relata ter buscado de todas as formas adiantar a consulta em virtude da piora no quadro clínico da paciente. ‘Após a regulação, tentamos antecipar a consulta de todas as formas porque a situação dela era muito grave, mas não conseguimos. Na última terça-feira, inclusive, passamos a tarde e metade da noite com ela na UPA Sul tentando uma transferência de urgência porque ela estava muito ruim, mas a médica se negou a encaminhar alegando que ela não preenchia os requisitos necessários a regulação’, afirmou a familiar’.

‘Ela não conseguia mais sequer ficar de pé, comia e bebia com dificuldades, além de apresentar sangramento nas fezes e dores intensas o tempo todo. Como a situação tornou ainda mais grave, retornamos com ela para UPA na noite de quarta-feira, dia 23, e pedimos ajuda da reportagem para acompanhar o caso. Só então eles regularam e transferiram ela para o HGP horas depois, mas já era tarde demais, um descaso com a vida, negligenciaram o tratamento dela ao negarem a regulação e a consulta’, desabafa a família.

O que diz o Estado

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) negou que tenha havido demora no atendimento. O documento informou que 'todo o trâmite regulatório — tanto em âmbito ambulatorial quanto hospitalar — sob responsabilidade da rede estadual foi conduzido com a máxima celeridade e eficiência, visando garantir à paciente a assistência necessária, de forma compatível com a complexidade de seu quadro clínico'.

De acordo com a Pasta, 'a primeira solicitação da paciente na rede estadual ocorreu em 11 de abril de 2025, para acompanhamento ambulatorial oncológico, conforme encaminhamento da rede municipal de saúde de Palmas. Na mesma data, ela foi devidamente inserida no Sistema de Regulação Estadual (SISREG) para consulta oncológica especializada eletiva. A paciente foi regulada no dia 14 de abril de 2025 para atendimento ambulatorial, com consulta agendada para o dia 29 de abril de 2025'.

Posteriormente,  afirma a nota, 'em 23 de abril de 2025, às 23h03, a Unidade de Pronto Atendimento de Palmas (UPA) solicitou, em caráter de urgência, a transferência da paciente para o Hospital Geral de Palmas (HGP). O acolhimento na unidade hospitalar ocorreu às 00h18 do dia 24 de abril, ou seja, transcorreram apenas 1 hora e 15 minutos entre a solicitação e o atendimento hospitalar. Apesar dos esforços intensivos das equipes multiprofissionais, a paciente infelizmente foi a óbito às 13h47 do mesmo dia'.

Prefeitura promete investigação 

Também em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Palmas (Semus) esclareceu que, 'desde o primeiro atendimento da senhora Rosilene Pires Ribeiro na Unidade de Saúde da Família Novo Horizonte, em 8 de abril de 2025, foi solicitado, por meio do Sistema de Regulação, o encaminhamento ao Hospital Geral de Palmas (HGP) para consulta com médico especialista em oncologia'.

A solicitação, segundo o documento da prefeitura, 'foi feita com base na confirmação do diagnóstico de neoplasia maligna do aparelho digestivo com lesão invasiva, condição que exige acompanhamento especializado, ofertado pela rede estadual. O pedido foi aceito, e a consulta foi agendada para o dia 29 de abril no HGP'.

Na rede municipal, a paciente retornou para atendimento de urgência no dia 22 de abril, na Unidade de Pronto Atendimento Sul (UPA Sul), onde foi atendida, medicada e, após melhora no quadro de dor, recebeu alta.

No dia seguinte, 23 de abril, a paciente voltou à UPA Sul, desta vez encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela deu entrada na unidade por volta das 22 horas e recebeu atendimento imediato. Na ocasião, foi solicitada a transferência para leito oncológico no HGP, cuja liberação ocorreu por volta da 1 hora da madrugada do dia 24. A paciente foi encaminhada ao hospital, onde passou a receber os cuidados da unidade de referência estadual.

Em relação a reclamação da família de que um médica teria se negado a regular a paciente para o HGP, a gestão disse que  'a Semus está realizando a apuração dos fatos e, caso identifique alguma inconformidade, adotará as medidas necessárias'.




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